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Grupo apresenta site e projeto de memória em evento virtual marcado pelo reencontro, com performances e depoimentos

O grupo de teatro Boca de Baco acaba de lançar o projeto de memória de suas três décadas em Londrina. Na noite de quinta-feira (25/03), o Boca realizou um encontro virtual para apresentar o novo site e o projeto Boca de Baco 30 e Uns, reunindo fundadores, ex-integrantes, parceiros de trabalho, artistas, apoiadores e pessoas que acompanham a história do grupo.

Criado no início da década de 1990, por bancárias, bancários e estudantes, o Boca de Baco chegou aos 30 anos a bordo de um projeto que prevê montagem de espetáculo, oficinas teatrais, festas (após a pandemia), registro histórico e ações de mídia. O projeto tem patrocínio da Federação Nacional das Associações do Pessoal da Caixa Econômica Federal (Fenae).

O encontro foi conduzido pelo entrevistador Alfonsín Cuentas, personagem do ator Reinaldo Zanardi, e teve falas de Jair Pedro Ferreira, diretor da Fenae; do jornalista e músico Bernardo Pellegrini, secretário de Cultura de Londrina; do jornalista aposentado Luciano Bitencourt, um dos fundadores do grupo e que já foi bancário da Caixa. Também estiveram presentes a vereadora Lenir de Assis, presidentes dos sindicatos dos bancários, Felipe Pacheco, e dos Jornalistas, Ticianna Mujalli; representantes de outras entidades dos setores cultural e bancário, entre outros convidados.

Jair Ferreira destacou a importância de manter um grupo de teatro durante 30 anos, em um país que recentemente perdeu o Ministério da Cultura, num setor que enfrenta sérios problemas no Brasil – assim como entidades ligadas ao setor bancário. “A cultura, para mim, é um dos grandes mecanismos de transformação e de criação de consciência; de criar uma cultura política de libertação, de empoderamento das pessoas. E nessa pandemia isso ficou mais evidente”, concluiu.

O secretário de Cultura, Bernardo Pellegrini, relembrou a criação do Boca de Baco, como um grupo surgido de um contexto de diversidade, do meio sindical, e sua evolução durante várias fases. Para ele, toda a pesquisa e as montagens do grupo, a relação com nomes como Plínio Marcos (o dramaturgo esteve em Londrina em 1998 para ver o Boca encenar sua peça “O Abajur Lilás”) e outras trocas de experiências, revelam um trabalho técnico e estético muito importante. “É uma alegria ver um grupo lincado na sociedade, na informação objetiva, na coragem da intervenção… Fico feliz com o reencontro de todas essas pessoas numa coisa tão produtiva, criativa.”

Durante o encontro virtual, atores e ex-atores do Boca de Baco realizaram performances a partir de textos já encenados pelo grupo, como “O Abajur Lilás”, “Balada de Um Poema”, “Fando e Lis”, “Último Inverno” e “Amores de Moraes”. O diretor Luiz Valcazaras, de São Paulo, e o dramaturgo Renato Forin Jr., de Londrina, também falaram sobre os trabalhos com o elenco e o novo espetáculo, ainda sem data de estreia definida.

Projeto Boca de Baco 30 e Uns
Realização:
Boca de Baco
Produção:
Kan Comunicação, Editora e Audiovisual
Patrocínio:
Federação Nacional das Associações do Pessoal da Caixa Econômica Federal (Fenae)

AOS 30, BOCA DE BACO EM CENA

Grupo de teatro de Londrina faz exercício de “memória viva” para se colocar diante de um mundo e um país em crise

Criado no início da década de 1990, por bancárias, bancários e estudantes, o grupo Boca de Baco chega aos 30 anos a bordo de um projeto que prevê montagem de espetáculo, oficinas teatrais, festas (após pandemia), registro histórico e ações de mídia.

O projeto traz as marcas do tempo presente: a pandemia do Coronavírus, a crise agônica pela qual passa o país e as profundas transformações culturais e tecnológicas vividas no mundo. “Mais do que nos reunir virtualmente por causa da pandemia, estamos refletindo e criando em meio à tempestade da nossa época”, aponta a atriz e jornalista Jackeline Seglin, que também é produtora executiva do projeto.

De acordo com o ator e bancário Beto Passini, a bússola dessa travessia é a “memória viva” do grupo. “Não se trata apenas de recordações, saudosismo. Queremos fazer um mergulho profundo nas emoções, valores e ideias que nos constituem. Nos deter nas transformações por que todos passamos. Munidos dessa memória viva, vamos nos colocar no palco, olho no olho de um país e um mundo em crise”, diz Passini.

‌O grupo está fazendo esse exercício de “memória viva” desde março de 2020. Em reuniões virtuais, que acontecem todas as terças-feiras, integrantes novos e de outras fases do grupo se debruçam sobre a “jornada de heróis e heroínas” de mitos e tragédias gregas. O fio condutor é a trajetória do adivinho e cego Tirésias, um personagem secundário que atravessa a jornada de figuras mitológicas como Narciso, Édipo, Antígona, Baco. 

“Tirésias funciona como um espelho invertido para essas figuras, que passam a olhar para a profundidade de si mesmos e assim passam por provações e realizam as transformações que marcam a jornada de heroínas e heróis”, explica Luciano Bitencourt, jornalista aposentado, deficiente visual e um dos fundadores do Boca de Baco.

‌As reflexões sobre o mito servem de base para os participantes do projeto recontarem suas próprias histórias de vida. Essa “prospecção” de histórias é feita sob a coordenação do diretor Luiz Valcazaras, que trabalha com o grupo há 20 anos e é criador da metodologia “Contadores de Imagens” do seu NITe (Núcleo de Investigação Teatral). 

As histórias pessoais, “refletidas no espelho de Tirésias”, servirão tanto ao trabalho de ator e atrizes quanto à dramaturgia da futura montagem, criada por Renato Forin Jr, dramaturgo e pesquisador teatral de Londrina. Também participam deste projeto Antônio Júnior, Fátima Sgrignoli Carreri, Nivaldo Lino, Reinaldo Zanardi, Silvia França e Simone Andrade.

Projeto 30 anos

O projeto dos 30 anos do Boca de Baco prevê registro histórico da trajetória do grupo e sua divulgação neste site e nas mídias sociais. São fotos, cartazes, programas, vídeos e matérias veiculadas na imprensa arquivados por três décadas pela jornalista Jackeline Seglin, da produtora Kan. 

“São recortes da memória do grupo. Mas também da história do teatro e da cultura de Londrina e do país. Sua divulgação vai interessar aos que se relacionaram com o Boca nesse tempo todo. Mas sobretudo a quem julga a arte e a cultura essenciais para as pessoas se movimentarem no mundo. A história do Boca é a de pessoas comuns que resolveram fazer coisas extraordinárias em suas vidas, tendo o palco como ponto de encontro”, avalia. Está prevista no cronograma do projeto a realização de oficinas teatrais e festas comemorativas, suspensas por causa da pandemia.

O projeto Boca de Baco 30 Anos tem patrocínio da Federação Nacional das Associações do Pessoal da Caixa (Fenae).